Pesquisadores do mundo inteiro estão em Londres para anunciar os resultados do primeiro censo da vida marinha. Foram dez anos de pesquisas em todos os oceanos, centenas de expedições e milhares de novas espécies descobertas.A partir de amostras do fundo do Oceano Atlântico, pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí isolaram 300 tipos de bactérias e ficaram animados com o que descobriram de 20 deles. “Essas bactérias têm a capacidade de compor gorduras e celuloses e também produzir bioplástico que tem importância na indústria”, explica o pesquisador do Censo André Lima.
O material foi retirado de uma das regiões menos conhecidas do planeta: a cordilheira meso-oceânica do Atlântico Sul, uma cadeia de montanhas que fica dois quilômetros abaixo da superfície do mar, entre a América do Sul e a África.Que vida existe em águas tão profundas? Uma expedição comandada por cientistas brasileiros com a participação de pesquisadores uruguaios, russos e neozelandeses foi atrás da resposta.“Agora começa o lento e trabalhoso processo de identificação desses organismos e é nesse processo que nós vamos ter algumas respostas como, por exemplo, registros de espécies que se conheciam em outros oceanos e agora estamos vendo aqui ou espécies que não eram conhecidas simplesmente”, afirma o pesquisador do Censo José Angel Perez.
A pesquisa brasileira faz parte de um esforço mundial: a realização do primeiro Censo da vida marinha. Durante uma década, 2700 cientistas de mais de 80 países trabalharam no projeto, e mais de 500 expedições vasculharam todos os oceanos para chegar a um retrato inédito da biodiversidade.Graças ao Censo, 1,2 mil novas espécies marinhas foram descritas pela ciência. Outras cinco mil aguardam catalogação. O levantamento também trouxe alertas.
Com a poluição e a pesca excessiva, os organismos marinhos perderam quantidade e tamanho em apenas uma geração. E houve uma redução global das micro-algas que produzem metade do oxigênio para o planeta.“É um retrato global da biodiversidade marinha. "É quase como se ter um diagnóstico global do estado da saúde nosso planeta", ressalta o pesquisador do Censo José Angel Perez.
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