Phaeodactylum tricornutum
Buscando diminuir o impacto dos plásticos no meio ambiente, cientistas têm buscado produzir alternativas biodegradáveis, sendo uma das principais o polihidroxibutirato (PHB), gerado no organismo de bactérias e que leva muito menos tempo para ser absorvido pela natureza —entre seis meses e um ano. Esse polímero, no entanto, tem alto custo de fabricação, já que as bactérias precisam se alimentar de açúcar ou óleos vegetais para desenvolvê-lo. Uma pesquisa publicada recentemente na revista on-line Microbial Cell Factories mostrou que é possível fabricar o PHB no organismo de microalgas, com custos bem menores.
A líder do estudo, Franziska Hempel, especialista em biologia celular do Centro Loewe de Microbiologia Sintética em Marburg, na Alemanha, afirma que essa é a primeira análise do tipo que apresenta resultados concretos. “Introduzimos os genes de três enzimas da bactéria Ralstonia eutropha nas algas Phaeodactylum tricornutum. Após uma semana, observamos que o bioplástico acumulado na microalga representava pouco mais de 10% de seu peso celular”.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Universidade Westfalische Wilhelms, também alemã. “Ficamos muito surpresos pelo fato de a produção de PHB ter sido tão eficiente logo na primeira tentativa, sem nenhum tipo especial de engenharia genética”, admite a pesquisadora. Ela acredita que uma explicação para esse sucesso é que essas algas naturalmente acumulam grandes quantidades de lipídio como um composto de armazenamento e, portanto, o material básico para a produção de PHB já estaria presente em seu sistema.
O especialista em microbiologia José Gregório Cabrera Gómez, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), detalha que o PHB, assim como outros poliésteres da família de polihidroxialcanoatos (PHAs), é produzido no organismo de bactérias e, agora, no de microalgas, como material de reserva. Isso significa que o PHB no corpo desses seres vivos seria equivalente à gordura acumulada nos seres humanos. “O processo industrial tradicional de produção desses polímeros consiste em cultivar bactérias e em seguida impor uma limitação nutricional, como restringir nitrogênio e fósforo, e lhes fornecer grandes quantidades de carbono. Nessas condições, a bactéria se multiplicará e, com a restrição de nutrientes, acumulará grande quantidade do polímero como material de reserva”.
Vantagens
Segundo Franziska, as vantagens das diatomáceas em relação às bactérias é que as microalgas precisam apenas de sol e água para serem cultivadas, “o que pode representar um novo sistema de produção envolvendo baixos custos e pouca emissão de dióxido de carbono”. Segundo a cientista, milhões de toneladas de plásticos à base de petróleo são consumidos todos os anos, causando a queima de combustíveis fósseis e grandes quantidades de resíduos que demoram dezenas ou centenas de anos para se degradar.
“Por isso, é necessário encontrar alternativas biodegradáveis. Mas a produção bacterial ainda é muito cara, já que as bactérias precisam ser alimentadas com açúcares. A nossa alternativa com microalgas apresenta gastos muito menores”, explica.A pesquisadora comenta que o plástico feito em microalgas pode ser útil à área médica na fabricação de dispositivos implantáveis e cápsulas de remédios.
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br
1 comentários:
Decio Escobar! Suas pesquisas são excelentes e muito esclarecedoras. Obrigada por postar. Abraços! TCP
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