quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Nova técnica agiliza a criação de plástico biodegradável

Uma nova técnica desenvolvida pelo Laboratório de Nanotecnologia da Embrapa Instrumentação (SP) vai permitir a criação de películas finas biodegradáveis à base de substâncias naturais provenientes da agricultura e da agroindústria brasileira. E tudo isso em menos de 10 minutos. Os materiais resultantes desse processo poderão ser usados para transportar compras de supermercados ou para empacotar biscoitos, chocolates, balas, entre outros produtos alimentícios. Batizado de casting contínuo, o sistema permite a fabricação de folhas de plástico biodegradável em larga escala, com a transformação de formulações aquosas de substâncias naturais, como o amido e o colágeno, em películas finas de alta transparência.
O engenheiro de alimentos Francys Moreira, pós-doutorando da Embrapa, explica que os ingredientes usados são um grande diferencial dessa pesquisa, que é inédita no Brasil. "Os plásticos são obtidos sem a necessidade de uso de aditivos de processamento, o que permite a obtenção de materiais atóxicos e seguros até para uso como embalagem que tenham contato direto com alimentos", diz.Outro diferencial está no fato de que, com o domínio dessa técnica, é possível produzir a película de quitosana com grande rapidez. Do modo tradicional, seria necessário pelo menos 24 horas. "O nosso modelo prevê a obtenção de películas de proteínas e polissacarídeos em cerca de seis minutos", relata.
Os plásticos biodegradáveis são uma alternativa aos materiais sintéticos que, descartados na natureza, causam prejuízos ao meio ambiente. Os bioplásticos, por sua vez, são obtidos de materiais naturais orgânicos e degradam-se rapidamente durante a compostagem. Moreira acredita que os setores agrícola, de embalagens de alimentos ou qualquer outro podem usar essas películas biodegradáveis como uma forma de promover a sustentabilidade em seus processos produtivos. A técnica desenvolvida pelos pesquisadores consiste no preparo de formulações à base de água e incorporou a nanotecnologia. Esse trabalho vem sendo aprimorado no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA) da Embrapa Instrumentação (SP), sob a coordenação do pesquisador Luiz Henrique Capparelli Mattoso. Argilas sintéticas comestíveis com dimensões nanométricas, também conhecidas como hidróxidos duplos lamelares (HDL), podem ser usadas para melhorar o desempenho mecânico das películas biodegradáveis, ou o modo como a estrutura do material se comporta. "A argila é o que expande a resistência mecânica desses bioplásticos a um nível que proteínas e polissacarídeos não conseguem alcançar sozinhos", explica Moreira.

Próximo passo é transformar os resultados em produto

Os recursos da pesquisa conduzida pelo Laboratório de Nanotecnologia da Embrapa Instrumentação (SP) são do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O engenheiro de alimentos Francys Moreira, pós-doutorando da Embrapa, acredita que há um grande potencial para o emprego da técnica na produção de filmes plásticos biodegradáveis para embalagens de alimentos a partir de materiais naturais ou coprodutos do agronegócio brasileiro. Mas, embora do ponto de vista científico e tecnológico os resultados já estejam bastante avançados, ainda há um caminho a ser percorrido para transformar a pesquisa em produto, que envolve processos de transferência de tecnologia e modelos de negócios a serem estabelecidos. "Nesse momento, o importante são os resultados obtidos pela pesquisa, como o domínio da técnica em relação à produção de plásticos biodegradáveis, com controle de espessura altamente preciso e uma faixa extensa de propriedades mecânicas a partir de qualquer tipo de polissacarídeo", observa.


Fonte: http://jcrs.uol.com.br/

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