quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Soro de leite oferece possibilidades para a nova indústria química de bioplástico


Uma tese demonstra a viabilidade para a existência de unidades industriais para fabricar ácido láctico e etil-L-lactato, necessários para a obtenção de plásticos biodegradáveis. Assim, no caso das Asturias,na Espanha, o soro seco ou entregue para a alimentação animal poderá dar origem a 30 mil toneladas/ano de matérias secas de alto valor acrescentado.A quota leiteira asturiana ronda as 600 mil toneladas/ano. A produção queijeira naquela comunidade autonómica ronda as 55 mil toneladas/ano, o que equivale a cerca de 20 por cento da produção queijeira espanhola e a 0,8 por cento da produção total de queijo ao nível da UE-27.
A tese de doutoramento - em Engenharia Química - de Julio Fernández Díaz, recentemente apresentada propõe, antes de mais, um melhor aproveitamento industrial do lactossoro produzido nas Astúrias.Tomemos o exemplo de dez litros de leite, com eles podemos produzir, aproximadamente, um quilo de queijo, mas geramos nove quilos de soro lácteo. O queijo é consumido, mas o que fazer com o soro lácteo?
Para começar, uma definição: “o soro lácteo é a fracção líquida do leite que se separa da coalhada, durante o dessoramento, na produção de queijo”. Se analisarmos o soro mais em pormenor encontramos 94 por cento de água, 4,5 por cento de lactose, um por cento de proteínas e os 0,5 por cento restantes de sais minerais. A sua elevada carga contaminante faz que não o possamos tratar como uma qualquer água rejeitada, “impediríamos que a correspondente ETAR funcionasse de forma eficiente”.
Assim, de acordo com Fernández Díaz, o destino normal desse soro é a sacegem a e a sua posterior utilização em diferentes produtos alimentares, casos da pastelaria industrial, dos iogurtes ou de algunstipos de enchidos, onde é utilizado como espessante. A lactose não deixa de ser o açúcar do leite e não tem qualquer valor como edulcorante, pelo seu escasso poder: cinco colheres de lactose têm um poder edulcorante equivalente a apenas uma colher de açúcar.Explica o investigador asturiano que “quando submetemos o soro a um processo de ultrafiltração, por um lado obtemos lactose, que é como que uma irmã pobre, e por outra parte proteínas, que têm um valor de mercado muito maior, porque, entre outras utilizações, são destinadas à indústria farmacêutica. A lactose, actualmente, vale não mais do que 40 cêntimos por quilo, enquanto o valor das proteínas pode subir até aos 1,5 euros, o que, apesar disso, não é um valor demasiado elevado.
No entanto, o lactossoro tem capacidades muito maiores: “pode, por exemplo, servir de matéria-prima para, através de fermentação, obter ácido láctico e, a partir deste, etil-L-lactato”. São conceitos que soam algo estranhos à maioria das pessoas , mas que fazem parte da estrutura de inúmeros objectos do nosso quotidiano. Entre outras coisas, são elementos necessários para o fabrico de plásticos biodegradáveis. Na Alemanha, grande parte dos sacos de compra é já fabricado com este tipo de plástico, que não perdura como resíduo. Também são utilizados como dissolventes ou como substitutos da celulose no processo de fabrico do papel.
A tese de doutoramento de Julio Fernández Díaz propõe “rotas alternativas” para a transformação do produto inicial. “O soro lácteo e os seus derivados oferecem a possibilidade de desenvolver uma ‘nova’ indústria química nas Astúrias”, acrescenta. Não se faria nada de efetivamente novo porque há muitos países industrializados que já implementaram há muito unidades industriais deste tipo. “Não é necessária uma maquinaria especialmente complicada; aqui o importante é o conhecimento”. Os produtos químicos resultantes dos novos processos de desenvolvimento multiplicariam por cinco as receitas atualmente obtidas com o soro em pó, a lactose e os concentrados protéicos.

Fonte:
http://www.confagri.pt

 

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